Abstract
RESUMO
A obra de Paul Ricœur tem como ponto de partida a reflexão ética: o homem
falível, da culpa e do mal. Pretendemos nesse artigo abordar o que Ricœur
chama de visão ética do mal. Para isso, é necessário analisar dois autores que
habitualmente não se associam, Santo Agostinho e Kant. O primeiro ao lutar
contra a concepção maniqueísta do mal e o segundo, ao pensar o mal como
uma heteronomia da vontade, um mal radical, isto é, o formalismo em moral.
Para Ricœur, a clarificação do que seja o mal por esses dois filosófos se traduz
por uma perda de profundidade, pois o preço da clareza é a perda da
profundidade, da profundidade que corresponde à tenebrosa experiência do
mal que aflora nos mitos e nos símbolos primários. Ricœur então encontra o
que não é admitido na visão ética do mal: a tenebrosa experiência que aflora
de modo diverso na simbólica do mal, e que constitui o “trágico” da reflexão.
Por conseguinte, o que na teodicéia era apenas um falso saber como conceito
é tornado setor da esperança. A necessidade do mal é, pois, então, o mais alto
símbolo racional que a inteligência da esperança forma.
Palavras-Chave: Paul Ricœur. Símbolo. Pecado. Mal. Ética.