Resumen
RESUMO
O presente trabalho, de caráter bibliográfico, tem como objetivo apresentar a filosofia
ontológica, segundo a óptica de Martin Heidegger. Para isso, foi realizada uma
leitura histórica da metafísica clássica apresentando suas reflexões acerca do ser
em suas nuanças e atributos, mas também elencando suas lacunas e limites. Na
abordagem, percebeu-se que a metafísica, desde os seus primórdios, buscou
estudar o ser enquanto ser na sua essência e fundamento. Parmênides foi o
primeiro que, mesmo de forma embrionária, lançou tal reflexão, mas foi em
Aristóteles que a ontologia clássica teve seu auge. Com sua metafísica, o estagirita
compreendeu que o ser é essência, e sendo universal é constituído de substância e
acidente, mediante uma contínua passagem de potência/matéria para ato/forma. Na
contemporaneidade, tal definição foi colocada em prova por vários filósofos, dentre
os quais destacaram-se Kant e Heidegger. O primeiro redefiniu-a como a “ciência
dos princípios primeiros da natureza e da moral”; o segundo, como uma “imersão da
própria existência nas possibilidades fundamentais do ser considerado em sua
totalidade”. Heidegger entendeu que a metafísica não foi capaz de explicar o sentido
do ser, daí a sua expressiva frase em Ser e Tempo: “é preciso colocar novamente a
questão sobre o sentido do ser em evidência”. Ser é tempo, e, com isso, o
existencialista, realizou, na ontologia contemporânea, uma grande reviravolta em
relação à clássica, pois se, de um lado a metafísica clássica ignorou o tempo como
mola e chave para a compreensão do ser, Heidegger colocou-o como condição sine
qua non para sua explicação. O ser se realiza e se desvela, existencialmente,
quando, mediante a uma analítica existencial, projeta seu estar-no-mundo e faz dele
um incessante caminho sempre retomado. Cercado pelos entes, o Dasein entende
que nada existe fora deles e que cuidando dos mesmos e de si mesmo se dá conta
dessa condição de ser, pois, ser é também ser com-os-outros. Como coroamento
dessa busca constante por sua autenticidade, Heidegger então explica a morte
como consequência, que vem ao homem e o cerca como possibilidade real, não
como o fim de um ciclo subjetivo, mas uma possibilidade ontológica que vem como
essa realização do homem que no tempo é finito.